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Foto do escritorDr. Tiago Araújo

Caso clínico: excesso e intoxicação por vitamina D



Paciente masculino, 82 anos, histórico prévio de hipertensão. Faz suplementação de uma série de vitaminas e minerais além do uso de captopril para hipertensão.


Paciente veio até mim por quadro progressivo de dificuldade de concentração, esquecimentos, perda do apetite, náuseas, cansaço. Segundo filha os sintomas vem evoluindo principalmente ao longo dos últimos meses e seu principal receio é a doença de Alzheimer.


Em primeira consulta encontrei quadro depressivo importante, dificuldade de concentração, declínio cognitivo leve, perda de apetite e cansaço. Embora muitos sintomas poderiam sugerir um quadro de depressão, solicitei exames para uma investigação adequada. (“Depressão” em idosos sempre deve ser investigada). Como o paciente usava uma grande lista de suplementos e vitaminas solicitei a dosagem sanguínea de alguns deles que poderiam causar intoxicação.


Alguns dias antes da nossa próxima consulta a filha do paciente me procurou falando que o pai estava cada dia mais sonolento e cansado. Ao ver seus exames encontrei uma vitamina D de 149! Valores acima de 100 já são considerados tóxicos.


Dentre os mais de quinze suplementos diários que o paciente tomava, chamaram a minha atenção: vitamina d3, vitamina k2, cobre, zinco, selênio e magnésio. Todos em doses altas ou continuas podem gerar quadros de intoxicação e danos ao nosso organismo.


No caso da vitamina D, a dosagem era de 10 mil unidades por dia! Vários dos sintomas do paciente podem ser explicados pela toxicidade da vitamina D.


A lição de hoje: não devemos usar vitaminas de uso contínuo sem uma indicação médica. Sempre que um bom médico (e aqui já temos que cuidar com os charlatões) indica o uso de vitamina ele o faz pontualmente e visando uma necessidade clínica.


Muito cuidado com médicos que solicitam que você faça fórmulas com muitas substâncias (pior ainda os que mandam fazer a fórmula apenas na farmácia indicada). Os charlatões adoram se aproveitar de pessoas que gostam de tratamentos “naturais”.


Sempre pesquise se o médico tem título de especialista. Todo especialista tem um número de RQE - registro de qualificação de especialidade.


A maioria dos suplementos, vitaminas e minerais que precisamos para viver deve vir da nossa alimentação e não de suplementação. Cuidado!


Dr. Tiago Araújo, neurologista

Atende em seu consultório em Curitiba e para todo Brasil via tele medicina.

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