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A doença de Alzheimer
Ao receber o diagnóstico de Alzheimer lembramos de informações que ouvimos de conhecidos e buscas na internet. Na maioria das vezes saímos dessa “pesquisa” com medo e tristeza pois existe um estigma muito grande com o nome “doença de Alzheimer”.
Primeiro precisamos entender que atualmente já dispomos de várias medicações para amenizar e retardar os sintomas da doença. Tratamento com medicamentos, suplementação, atividades físicas, reabilitação neurológica e estimulação cognitiva são fundamentais - clique aqui para conhecer uma dieta que ajuda a prevenir o Alzheimer!
Mas afinal de contas, após termos a suspeita ou confirmação da doença, vem uma dúvida: o que de fato é a doença de Alzheimer, porque ela ocorre?
Existem várias hipóteses em relação a essas perguntas. Primeiramente: a maioria das casos da doença de Alzheimer é esporádica, ou seja, não tem uma relação forte com a hereditariedade genética! As diferenças individuais genéticas e ambientas ( alimentação, acontecimentos durante a vida, exposições a agentes químicos , sedentarismo, baixa reserva cerebral ) influem mais do que a hereditariedade.
Mas doutor, eu li que existe Alzheimer hereditário. Sim, é verdade. Menos de 1% dos casos são formas
familiares de transmissão autossômica dominante, e, nesses casos temos uma doença de início bastante precoce ( antes dos 65 anos de idade ); chamamos esta forma de Alzheimer familiar.
Uma curiosidade: o nome da doença remete a Alois Alzheimer que foi o primeiro médico a descrever a doença, em 1906.
E dentro do cérebro, o que acontece?
De um modo complexo, dentro do cérebro, depósitos anormais de proteínas desorganizam o funcionamento dos nossos neurônios e as modificações geram um declínio de uma substância chamada Acetilcolina; este é um dos pilares atuais do tratamento – medicações que possam aumentar essa substância dentro do nosso cérebro. Além disso inúmeras outras alterações em nossas sinapses geram repercussões na pessoa, como veremos a seguir.
Clinicamente o que percebemos nos pacientes são esquecimentos para fatos recentes, dificuldade de aprender e memorizar fatos novos, repetição de perguntas e diálogos. Com a evolução da doença podemos ter surgimento de sintomas como apatia, depressão, mudanças no comportamento, agressividade e irritabilidade.
Em uma fase terminal da doença inicia-se um período de emagrecimento e restrição ao leito, que podem levar a pneumonias, infecções urinarias, escaras e outras complicações graves – por isso a necessidade de um acompanhamento médico rigoroso.
Infelizmente hoje ainda não temos uma CURA para a doença. O Alzheimer é progressivo. Nosso tratamento se baseia em diminuir a sua velocidade e controlar os sintomas, além de estimular o cérebro para termos uma “reserva” de neurônios ( fazendo com que a doença seja mais lenta e o paciente fique o máximo de tempo com boa qualidade de vida ). Além disso, o que ao meu ver é tão importante quanto tratar a doença: o Alzheimer é uma doença que impacta a vida de TODOS os familiares e, justamente por isso, o tratamento não é apenas passar medicações. Orientação, acolhimento, discussão sobre prognóstico (para ajudar a família a se preparar para o que vem a seguir ) são fundamentais. O médico deve apoiar o paciente e a família para enfrentar as etapas que virão.
Dr. Tiago Araújo, médico neurologista em Curitiba.
Vamos entender como se diagnostica a doença de Alzheimer?
Por meio de uma consulta médica, geralmente motivada por esquecimentos, o médico Neurologista realiza alguns testes cognitivos – no próprio consultório – além de revisar toda história de doenças e acontecimentos importantes da vida do paciente. Após realizar essa anamnese ( entrevista ) procede-se o exame físico onde podem-se encontrar sinais que nos levem a pensar em outras doenças ( sim, embora esquecido por muitos, o exame físico ainda é peça fundamental na consulta médica ).
Munido de tais informações o médico já poderá suspeitar ou, em certos casos, fechar o diagnóstico da doença.
Em casos precoces ou com dúvida diagnóstica podemos recorrer a exames complementares ( Ressonância Magnética, PET-CT, punção lombar com biomarcadores, exames de
sangue ) e bateria neuropsicológica completa ( realizada por um neuropsicológico ). Atualmente conseguimos um diagnóstico muito precoce da doença, com os exames e a avaliação médica.
Uma coisa pouco falada, mas que precisa ser lembrada, é o impacto da doença em TODA família. Sabemos que , com o avançar da doença e a necessidade de cuidados, os familiares acabam assumindo este papel. Não é fácil.
O sofrimento por ver nosso ente querido piorar, a sobrecarga emocional e física, os custos do tratamento; tudo se junta e gera um grande e pesado problema para a família. Já sabemos, hoje, que os cuidadores podem desenvolver quadros depressivos e ansiosos, configurando uma nova patologia chamada de Síndrome do Cuidador.
Por isso quando um médico trata o Alzheimer, na realidade, ele precisa tratar, orientar e dar apoio a toda família, sempre tentando melhorar os sintomas do paciente e dar suporte, informações e acolhimento para os familiares do paciente doente. Saiba mais sobre a Síndrome do Cuidador clicando aqui.